1. |
Comida
03:07
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Bebida é água
Comida é pasto
Tu estás com sede de quê?
Tu estás com fome de quê?
A gente não quer só comida
A gente quer comida, diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída para qualquer parte
A gente não quer só comida
A gente quer bebida, diversão, balé *
A gente não quer só comida
A gente quer a vida como a vida quer
Bebida é água
Comida é pasto
Tu estás com sede de quê?
Tu estás com de quê?
A gente não quer só comer
A gente quer comer e quer fazer amor **
A gente não quer só comer
A gente quer prazer pra aliviar a dor
A gente não quer só dinheiro
A gente quer dinheiro e felicidade
A gente não quer só dinheiro
A gente quer inteiro e não pela metade
Bebida é água
Comida é pasto
Tu estás com sede de quê?
Tu estás com fome de quê?
Diversão e arte
Para qualquer parte
Diversão balé
Como a vida quer
Desejo
Necessidade, vontade
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2. |
O Galo É o Dono dos Ovos
02:52
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O GALO É O DONO DOS OVOS
O galo é o dono da casa
A galinha, da cozinha
Ou se porta direitinha
Ou apanha com a asa
Que o galo é o dono da casa
O galo canta de galo
A galinha, cacareja
E o pintainho deseja
O fim de tanto badalo
E o galo canta de galo
O galo come faisão
A galinha é quem o assa
E o pobre o pinto passa
Passa uma fome de cão
E o galo come faisão
O galo é o dono dos ovos
A galinha é quem os bota
E o pinto é compatriota
Da miséria de outros povos
Que o galo é dono dos ovos
Por mais que cante o galo
O galo está a dar o berro
É que nem com mão de ferro
Faz do pinto seu vassalo
Por mais que cante o galo
Anda amarelado o galo
Como a gema que o pariu
O sol nunca lhe sorriu
Quanto ao pinto, é um regalo
Não há sol que não o tisne
O galo canta de galo
Para o pinto é o canto do cisne
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3. |
Interrupção 1
00:30
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4. |
A Formiga no Carreiro
02:55
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A FORMIGA NO CARREIRO
A formiga no carreiro
Vinha em sentido contrário
Caiu ao Tejo, caiu ao Tejo
Ao pé dum septuagenário
Larpou trepou às tábuas
Que flutuavam nas águas
E de cima de uma delas
Virou-se pró formigueiro
Mudem de rumo, mudem de rumo *
Já lá vem outro carreiro
A formiga no carreiro
Vinha em sentido diferente
Caiu à rua, caiu à rua
No meio de toda a gente
Buliu abriu as gâmbias
Para trepar às varandas
*
A formiga no carreiro
Vinha em sentido diferente
Caiu à rua
No meio de toda a gente
Buliu abriu as gâmbias
Para trepar às varandas
*
A formiga no carreiro
Andava a roda da vida
Caiu em cima de uma espinhela caída
Furou, furou à brava
Numa cova que ali estava
*
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5. |
Cala-te e Come
03:39
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Cala-te e come,
Tu não precisas de indagar a direção
Cala-te e come,
Tu não tens necessidade de reter tanta informação
Cala-te e come,
Já não és novo, vê se prestas atenção
Mas acalma-te e come
Que não tens ainda idade para morrer do coração
Cala-te e come,
Passaste ao largo da tua revolução.
Cala-te e come,
Há muito que chegaste a essa conclusão — ou não
Cala-te e come, e limpa-te ao guardanapo
Que é essa velha frustração
Mas acalma-te e come,
Foste capaz de tomar a tua própria indecisão
Cala-te e come, come-te e cala, cala-te e come *
Cala-te e come,
Senta-te, e entretanto liga a televisão
Cala-te e come,
Corre os canais à procura de distração
Cala-te e come,
Que a angústia vem sempre que persegues ação
Mas acalma-te e come,
Assim prostrado nem dás conta dessa estúpida aflição
Cala-te e come,
Comer e calar é mais que uma obrigação
Cala-te e come,
Esse menu é a derradeira refeição
Cala-te e come,
E agradece ou não te deram nenhuma educação?
Homem, acalma-te e come,
Não te canses, guarda para ti a tua inútil opinião
*
Cala-te e come,
Tu não precisas de indagar a direção
Cala-te e come,
Tu não tens necessidade de reter tanta informação
Cala-te e come,
Não precisas de passar fome
Cala-te e come,
Deita-te e dorme
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6. |
Interrupção 2
00:53
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7. |
Mamãe Natureza
03:50
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Ou se as coisas estão melhorando
Não sei se eu vou ter algum dinheiro
Ou se eu só vou cantar no chuveiro
‘Tou no colo da mãe natureza
Ela toma conta da minha cabeça
É que eu sei que não adianta mesmo a gente chorar
A mamãe não dá sobremesa
Mamãe, ma-mamãe natureza!
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8. |
Joãozinho
02:42
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Perdeu as asas nesse bando
E foi voar à solta
O cãozinho a meio da sesta acordou
Até lavar o nosso pranto
Cantou a boa nova
E agora vai vivendo sem pressa
Se falhar não é perder
É só um pretexto para recomeçar
E a regra vai quebrar até mudar a norma
Rio turvo a nascer
Não fujas desse teu particular
Que a resposta ‘tá lá ao fundo na foz
Se não há um tempo certo
Para crescer e ficar esperto
Cada qual o seu
Não faz mal cair ter medo
Vá não chores em segredo
Se não choro também eu
Deixa lá, João
Se a mudar voltou ao mesmo
E o dia soube a uma lembrança
A mudança a um regresso
E o regresso a uma mudança
Perdoa esse gente tão chata
E a vida boa sem ter anjo da guarda
Um dia vai bater
E sem ligar ao que eles vão achar
O mistério ali à espreita ainda sabe a pouco
Rio turvo a correr
E o que à nascente te quis separar
Foi só p’ra te entregar lá no fundo da foz
Quem te quis doirar a história
Em conquistas e vitória
Quanto te escondeu?
P’ra te ver fuçar na escola
Ser macho e jogar à bola
Mas se isso aborreceu
Deixa lá, João
E vive sem pressa
Deixa lá, João
Que há coisas neste mundo que se encantam só para ti
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9. |
Interrupção 3
00:33
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10. |
Por Terras de França
02:53
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Vou andando por terras de França
Pela viela da esperança
Sempre de mudança
Tirando o meu salário
Enquanto o fidalgo enche a pança
O zé povinho não descansa
Há sempre uma França
Brasil do operário
Não foi por vontade nem por gosto
Que deixei a minha terra
Entre a uva e o mosto *
Fica sempre tudo neste pé
Vamos indo por terras de França
Com a pobreza na lembrança
Sempre de mudança
Com olhos espantados
Canta o galo e a governança
A tesourinha e a finança
E os cães de faiança
Ladrando afinados
*
Vamos indo por terras de França
Trocando a sorte pela chança
Sempre de mudança
Suando o pé de meia
Com a alocação e a segurança
Com sindicato e com vacança
Há sempre uma frança
Numa folha de peia
*
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11. |
Caixinhas (Little Boxes)
02:20
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Uma caixa bem na praça, uma caixa bem quadradinha
Uma caixa, outra caixa, todas elas iguaizinhas
Uma verde, outra rosa e uma bem amarelinha
Todas elas feitas de tic tac, todas elas iguaizinhas
As pessoas dessas casas vão todas pra universidade
Onde entram em caixinhas quadradinhas iguaizinhas
Saem doutores, advogados, banqueiros de bons negócios
Todos eles feitos de tic tac, todos, todos iguaizinhos
Jogam golf, jogam pólo, bebendo um bom martini dry
Todos têm lindos filhinhos, bonequinhos engomadinhos
As crianças vão pra escola, depois pra universidade
Onde entram em caixinhas e saem todas iguaizinhas
Os rapazes ficam ricos e formam uma família
Todos eles em caixinhas, em casinhas iguaizinhas
Uma verde, outra rosa e outra bem amarelinha
E são todas feitas de tic tac, todas, todas iguaizinhas
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12. |
Interrupção 4
01:02
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13. |
Dia de S. Receber
03:06
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‘Bora lá falar da arte
Da arte de sobreviver
Daquela que se descobre
Quando não há que comer
Há os que roubam ao banco
Os que não pagam por prazer
Os que pedem emprestado
E os que
Fazem render
Este dia a dia é duro
É duro de se levar
É de casa p’ró trabalho
E do trabalho p’ró lar
Levas assim uma vida
Na boinha sem pensar
Mas há de chegar o dia
Em que tens
De me pagar
Ai é o dia
De São Receber
Dia de São receber *
Dia de São receber
Já não chega o que nos tiram
À hora de pagar
É difícil comer solas
Estufadas ao jantar
De histórias mal contadas
Anda meio mundo a viver
Enquanto o outro meio
Fica à espera
De receber
Ai é o dia
De São Receber
*
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14. |
Arco-Íris
03:52
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Há meninas em rebanho
E há bandos de rapazes
Elas são sossegadinhas
Eles devem ser audazes
Dizes tu que não condizem
Cor de rosa e azul celeste
Cada sexo em seu lugar
Foi assim que me fizeste
Mas então por que razão
Ainda vês com maus olhos
O homem que ama outro homem
A mulher que ama a mulher
Se os separas à nascença
E fazes tanta questão
De manter a diferença
Entre a irmã e o irmão
Viva a maria rapaz
E o rapaz que não é peste
Viva a roupa que baralha
O sexo de quem a veste
Viva todo o arco-íris
E a cor que se mistura
Sete quintas, meias tintas
Viva a fúria e a doçura
Não me voltes a dizer
Que as crianças a crescer
Precisam de copiar
O papá e a mamã
Deixa ser eu a escolher
Por quem me perco e me dano
Porque eu amo a minha irmã
E amo também o meu mano
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15. |
Terra Firme
04:06
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louva-a-deus Lisbon, Portugal
um novo estúdio no quase-centro de lisboa que é também uma editora e uma agência / a new studio at the outskirts of the Lisbon city centre, which is also a label and booking agency
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